Estamos vivendo uma das maiores crises do país por causa de um vírus. Isso é algo inimaginável até para os filmes estrelados por Bruce Willis e Denzel Washington, mas infelizmente é uma realidade. Vai passar, todos nós estamos esperançosos e se cada um fizer a sua parte vamos sair mais rápido dessa! Entretanto, a economia não pode parar de girar e as empresas estão se reinventando para conseguir driblar esse desafio.

De um lado, é preciso vender. Do outro, é preciso entender que a economia no mundo inteiro está sendo afetada e com isso o Brasil também. Vamos sair dessa, isso é fato, mas por hora é preciso se reinventar e o profissional de Marketing fica nesse fogo cruzado. De um lado, os donos da empresa precisam que ele venda, que ele performe. Do outro, ele entende que há uma crise na rua com demissões e perda do poder de compra.

Efeito espiral

Muitas pessoas estão perdendo o emprego e isso cria um efeito espiral muito grande. O Fernando, que era vendedor de uma loja, está sem trabalhar e por isso parou de ir ao restaurante do Manuel, que com a queda nas vendas precisou demitir a Vanessa, que demitida teve que cortar a TV a cabo de casa e por isso a empresa teve que demitir algumas pessoas do call center, como a Paula, que parou de ir na Francisca, sua manicure, que por causa da queda no movimento demitiu a Ana, sua assistente, que vai parar de comprar no açougue do Pedro, que com a queda no movimento vai precisar demitir o Paulo depois de 10 anos de parceria…

E agora?

O profissional de marketing precisa fazer o seu trabalho. Ele precisa desviar das adversidades diariamente. A pandemia de Covid-19 é umas delas, passageira, mas nesse momento é a maior de todas. Ele sabe que não pode forçar uma venda, pois isso vai pegar muito mal para os consumidores, mas também sabe que se não vender será mais um na fila do desemprego.

Esse profissional, então, precisa ampliar o seu lado humano. Posicionamento de marca na mente e no coração das pessoas é um processo muito mais humanizado do que se pensa, é fazer com que as pessoas, literalmente, se apaixonem por marcas e isso começa quando a marca resolve um problema das pessoas. Há tempos se discute que as pessoas não mais compram marcas ou produtos, elas compram sonhos e soluções de problema.

São 12h, temperatura próxima dos 40 graus. Sol forte, calor intenso. Você passa na frente de um bar e aquela geladeira vermelha com a imagem de uma garrafa “suada” está a sua frente. Você não compra um refrigerante, você compra um produto que vai matar a sua sede e refrescar seu corpo. O fato de ter comprado a Coca-Cola é porque a marca está presente na sua vida. O marketing faz um trabalho diário para posicionar a marca na mente das pessoas. Aliás, mais do que posicionar, manter. O trabalho de posicionamento é algo diário, nunca acaba.

E como o profissional se posiciona?

Primeiro, ele precisa entender que o marketing está cada vez mais humano. Quando Magalu e Amaro abrem suas plataformas para os pequenos empresários, quando Danilo Gentili usa seu poder de influência para quase 30 milhões de seguidores para divulgar pequenos lojistas de graça, quando Rappi ajuda os lojistas a vender para vizinhos, entende-se que o marketing está mais humano.

No novo modelo de posicionamento de marcas, a palavra propósito vem como um dos mais fortes pilares, ao lado de pessoas. O propósito da marca é que a faz ser mais humana, é o que faz o profissional se destacar. Em época de pandemia, o lado humano sobressai. As marcas são entidades, logos, tijolo, produto. O que faz  elas mais humanas são as pessoas que nela trabalham, como no caso da Coca-Cola e sua ajuda a comunidades carentes.

Segundo o site da marca, “a Coca-Cola Brasil e o Instituto Coca-Cola Brasil criaram um fundo para beneficiar comunidades de baixa renda e catadores de resíduos com ações diretas contra o coronavírus. Os recursos vão para ONGs e instituições que, nos últimos 20 anos, são parceiras em programas de capacitação de emprego, acesso à água e reciclagem da empresa. Numa frente, o objetivo é ajudar a combater a Covid-19 em 71 comunidades de 14 estados e Distrito Federal, onde vivem 2,8 milhões de pessoas”. Foi o posicionamento do profissional de marketing que enxergou essa oportunidade de levar uma gigante mundial do varejo a destinar parte das suas riquezas para ajudar quem precisa. Amanhã, quando a pandemia acabar, além de 2,8 milhões de fãs, outras pessoas terão novas percepções, positivas, sobre a marca, que lucrará com esse gesto.

Se posicione!

As marcas são comandadas pelos guerreiros profissionais de marketing. Todos os dias desafios novos surgem, a começar com a mudança no comportamento e desejo das pessoas. O marketing deve seguir essas tendências, pois o mundo muda muito rápido. Cabe ao marketing dar o direcionamento certo para as marcas diante aos cenários que surgem e as preocupações das pessoas. Missão, Valores e Filosofia eram termos que se aprendia na sala de aula e por lá ficavam. Hoje, com o fortalecimento do propósito, eles voltaram com tudo, pois as pessoas se preocupam com isso para comprar.

Profissional de marketing, se posicione. Traga para dentro da empresa o lado humano do mundo.

Posicione a sua marca no caminho do seu consumidor, no que ele quer. Seja mais centrado no consumidor e colha grandes frutos!

*Artigo escrito pelo nosso Planejamento Sênior, Felipe Morais. Que também é professor na USP, ESPM, Belas Artes, FGV e também escreve para o portal Mundo do Marketing.